“Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: “Onde compraremos pão para esse povo comer? “
Fez essa pergunta apenas para pô-lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer.”
João 6:5,6

Vamos analisar o milagre de Jesus Cristo em multiplicar cinco pães de cevada e dois peixinhos e alimentar uma multidão, que segundo o texto acima do evangelho de João eram cerca de cinco mil homens. Alguns eruditos bíblicos defendem a tese que o número de mulheres era equivalente ao de homens. Então, esta população de adultos era aproximadamente de 10.000 pessoas. Se pensarmos ainda nas crianças presentes, este número cresceria mais um pouco.

Vamos fazer alguns perguntas para o texto bíblico e obter dele as respostas para entendê-lo:

1ª) O que estava acontecendo? Uma multidão foi ao encontro de Jesus Cristo.

2ª) O que esta multidão procurava em Jesus Cristo? O versículo 6:2 do evangelho de João nos responde: “e grande multidão continuava a segui-lo, porque vira os sinais miraculosos que ele tinha realizado nos doentes.”. As pessoas queriam a cura de suas enfermidades.

3ª) Qual era o problema detectado pelo Mestre Jesus e apresentado aos seus discípulos? Jesus, colocou os discípulos a prova porque queria testar a visão deles para resolver o problema de: “Onde compraremos pão para esse povo comer?”.

Olhando para o problema, podemos imaginar um pouco da dificuldade enfrentada pelos discípulos, como alimentar 5000 homens e suas famílias que estavam lá e deveriam ultrapassar o número de 10.000 pessoas.

Se pensarmos de forma racional, precisaríamos de 10.000 pães, no mínimo, para alimentar este povo faminto. Você consegue imaginar a dimensão do problema, e chegar numa padaria de nossos dias, e pedir para a balconista: eu quero 10.000 pãezinhos. Certamente, a balconista, iria dizer que a padaria não teria estrutura para atender a entrega de 10.000 pãezinhos em um só lote. Seria inviável para qualquer padaria de nossos dias, fazer isto. Talvez, somente uma fábrica de pães industrializados conseguisse atender esta demanda.

Diante da pergunta de Jesus Cristo, Filipe pensou de forma racional, o dinheiro que tinha não seria suficiente para comprar alimento para toda aquela multidão, mesmo que fosse, somente um simples pão para cada pessoa. Ele disse que tinha apenas duzentos denários e que com este dinheiro não seria suficiente comprar pães para que cada um recebesse um pedaço.

A conclusão de Filipe é que não conseguiria alimentar o povo com seu dinheiro, com seus recursos.

Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tentando atender a solicitação de Jesus Cristo e resolver o problema do alimento, encontrou alguém na multidão, um rapaz que tinha algum alimento disponível: 5 pães de cevada e 2 peixinhos.

Este alimento atenderia certamente 2 ou 3 pessoas no máximo, talvez Jesus, Filipe e André.

A conclusão de André é bastante pessimista, diante do que foi oferecido pelo rapaz para alimentar a multidão e diz: “mas o que é isto para tanta gente?”

4ª) O que Jesus fez depois das duas tentativas de seus discípulos em ajudá-lo resolver o problema?

Jesus deu uma ordem:- pediu para as pessoas se assentarem, através da ordem dada aos seus discípulos, agradeceu a Deus (“deu graças“), e com suas mãos foi repartindo aqueles 5 pães e 2 peixinhos com a multidão e o alimento foi se multiplicando, multiplicando rapidamente num piscar de olhos.

5ª) Qual foi a orientação dada por Jesus aos seus discípulos depois que a multidão se alimentou?

Versículo 12: Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: “Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado“.

6ª) O que aconteceu quando os discípulos cumpriram a ordem dada por Jesus de ajuntarem os pedaços que sobraram? Os discípulos perceberam a bênção da fartura de Deus em realizar um milagre, verificando a sobra de doze cestos!

Aplicação Prática:

Quais lições podemos extrair deste milagre da multiplicação de 5 pães e 2 peixinhos, em nossas vidas?

1ª) Jesus permitiu que a prova, o teste, a situação difícil, viesse a acontecer com seus discípulos para verificar suas reações e aperfeiçoá-los no caminho da maturidade cristã.

Na nossa vida não é diferente, teremos situações de deserto, circunstâncias difíceis, situações inesperadas, onde poderemos ser avaliados por Deus, visando nosso crescimento espiritual.

Quando somos testados e provados, ou ficamos em momentos de deserto (quando aparentemente nada de bom acontece), verificados em nossos limites (com permissão do Criador), entramos na escola de capacitação de resolução dos problemas, segundo a vontade e visão de solução de Deus. Aprendemos a nos relacionar com Deus em oração.

Aprendemos a ter esperança, paciência, aguardando a resposta de Deus. Quando Deus está em silêncio, Ele já trabalhou em seu problema, apenas esta esperando o momento certo de te retornar.

Quando crescemos em maturidade espiritual, aprendemos a nos relacionar com Deus em oração e também entender de forma clara e concreta as respostas de Deus.

2ª) Como reagir diante de um problema?

Filipe reagiu segundo um olhar racional e pensando em sua capacidade financeira para resolver o problema de se comprar tantos pães e chegou a conclusão que não conseguiria comprar tanto pão assim.

Normalmente, apesar de sermos cristãos há muito tempo, reagimos a uma situação de problema, como Filipe. Neste momento, Filipe poderia ter pensado em alguém que tivesse alimento em quantidade suficiente para alimentar o povo. Poderia ser um pouco mais otimista, ter um olhar de fé e esperança, já que ele estava caminhando com quem podia resolver todas as coisas à sua volta. E Filipe já tinha presenciado vários milagres. Talvez Filipe pudesse pensar em algum mercado da cidade mais próxima que pudesse abastecer com o mínimo necessário aquela multidão. Mas, Filipe, olhou para o que tinha, para seus próprios recursos

Diante de nossas dificuldades olhamos para nós mesmos, para nossas capacidades, como Filipe olhou para sua “capacidade financeira” e André olhou para o que eles tinham, para seus “recursos próprios” e nos esquecemos de ter o olhar da fé e olharmos para Deus TODO-PODEROSO.

Então, a conclusão que temos hoje, de forma prática: quando um problema surgir, olhe pela fé na direção de Deus, pense que Deus já resolveu o problema.

Diante do problema, busque a Deus, foque em Deus e não fique pensando como resolver seus problemas pelas suas capacidades e recursos próprios.

A primeira coisa que temos que pensar, quando um problema surgir é pensarmos em Deus e orarmos. 

3ª) Veja como Deus realizou este milagre, como Jesus trabalhava em seus milagres?

Se você observar os milagres de Jesus Cristo, você vai perceber que Ele não executava seu milagre de pronto, num instante, num piscar de olhos. Poderia fazê-lo, pois tinha Todo Poder para isto, mas não fazia assim. Não, Jesus quando realizou seus milagres, ele queria exercitar a fé de quem estava pedindo o milagre, ou seria o receptor da Graça de Deus sobre sua vida. Ele sabia que um dia não estaria mais aqui na terra, fisicamente com os novos discípulos que surgiriam, como eu e você, e então, o que ele fazia quando ia realizar um milagre? Jesus fazia alguma pergunta, ou dava alguma resposta, interagindo com a pessoa, ou dava alguma ordem para quem estava por perto, ou seja, Ele desejava a participação do homem, do ser humano, na ação do milagre que iria acontecer logo em seguida, Ele deseja que as pessoas envolvidas, tivessem ali na cena do milagre o exercício de sua fé, confiando que Jesus Cristo poderia realizar. 

Vamos recordar alguns milagres de Jesus e você verá que foi sempre assim:

• no primeiro milagre de transformação de água em vinho (João 2:1-11), ele deu uma ordem para se buscar as talhas e encherem elas com água, que estavam na festa de casamento. Poderia apenas ter feito com que as talhas transbordassem com vinho, muito vinho de imediato, mas não foi isto que fez.
• na cura do filho do Oficial  (João 4:46-49) – ele deu uma resposta para o oficial e o oficial, confiando que seu filho estava curado, apenas com uma interação e resposta de Jesus, ele voltou para casa e o milagre já havia acontecido.
• na cura do paralítico no tanque de Betesda (João 5:1-9) – Jesus perguntou para o paralítico se ele queria ser curado. Lógico que o paralítico desejava isto, pois estava lá 38 anos, esperando por este momento, mas Jesus o testou com uma pergunta emblemática: Você quer ser curado?
• primeira pesca (Lucas 5:1-11) – Jesus deu uma ordem para os discípulos lançarem as redes no local mais fundo.
• libertação do endemoninhado (Marcos 1:23-28; Lucas 4:31-36) – Interagiu com o possesso e deu uma ordem.
• cura da sogra de Pedro (Mateus 8:14-15;Marcos 1:29-31;Lucas 4:38-39) – tomou a sogra de Pedro pela mão, ou seja, segurou a sua mão e ela foi curada. Ele poderia ter chegado lá e ela ficado boa imediatamente, mas Ele, fez questão de dar a mão para ela, para que ela pudesse levantar sua mão na direção de Jesus e segurá-la.
• e assim continua acontecendo com todos os milagres de Jesus Cristo, sempre há uma interação, uma ordem, uma conversa, uma resposta até a solução, o resultado, o milagre ser verificado.

Então, quando estiver com um problema, estenda sua mão na direção de Deus, ore primeiro, se consagre, busque a sua presença, confie que Deus responderá, interaja com o Mestre Jesus Cristo, que em breve, no tempo de Deus sua resposta virá.

Então, nesta cena do milagre da multiplicação, ele deu uma ordem para os discípulos pedirem para as pessoas se assentarem, e elas obedeceram ao mestre, confiaram que Ele faria alguma coisa com aqueles 5 pães e 2 peixinhos.

Diante de um problema, de uma dificuldade extrema, de algo que está além da sua possibilidade humana de solução, confie a Deus seu problema em oração.

Não tente resolvê-lo sozinho, com sua capacidade ou recursos próprios.

Percebam nas cenas dos milagres, Jesus realizava os milagres porque aquelas pessoas o obedeciam em suas orientações, ordens e interações.

A Bíblia nos diz que Deus não ouve pecadores, mas somente os que praticam  a sua vontade., conforme o texto: “Sabemos que Deus não ouve a pecadores, mas ouve ao homem que o teme e pratica a sua vontade.” João 9:31.

Creia, confie em Deus, conheça sua vontade nas escrituras, pratique a sua vontade, ore e aguarde as respostas e soluções para os problemas que você tem enfrentado.

Pr. Luiz Francisco Contri